Homicídios de negros sobem 11,% em onze anos, enquanto de outros grupos cai 12,9%

Por Julia Bispo
04.09.2020

 

Dados foram publicados pelo Ipea por meio do Atlas da Violência 2020. A pesquisa ainda mostra que taxa de mulheres negras assassinadas aumentaram 12,4%.

 

Crédito Imagem:  Pete Linforth por Pixabay

 

O número de homicídios de pessoas negras cresceu 11,5% entre os anos de 2008 e 2018, já o de pessoas não negras caiu para 12,9%. Isso é o que mostra o Atlas da Violência 2020, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)

Para as mulheres negras, a taxa de assassinatos cresceu para 12,4% entre os anos de 2008 e 2018. Já as mulheres brancas tiveram os casos diminuíram para 11,7%. Segundo o Atlas da Violência, o ano de 2018 teve 4.519 mulheres mortas. Desse número, 68% eram negras

A publicação ainda mostra que as chances de ser morto no Brasil é 74% maior para homens negros e 64% para mulheres negras.

 

Estados com mais homicídios 

O Atlas da Violência aponta que os cinco estados com maiores taxas de homicídios de negros se encontram na região Nordeste. O Rio Grande do Norte teve a maior taxa de mortos em 2017, com 87 assassinatos para a cada 100 habitantes negros. Em sequência, vem o Ceará (75,6), Pernambuco (73,2), Sergipe (68,8) e Alagoas (67,9).

Os estados com menores percentuais foram São Paulo - com 12,5 negros a cada 100 mil habitantes - Paraná (19,9) e Piauí, com 21,5

O estudo ressalta que oito unidades da federal destacaram redução da taxa entre 2007 e 2017:  São Paulo (-40,7%), Distrito Federal (-40,4%), Espírito Santo (-18,1%), Rio de Janeiro (-12,9%), Paraná (-11,9%), Mato Grosso do Sul (-11,4%), Minas Gerais (-4,9%) e Pernambuco (-0,9%). 

 

Movimento antirracista cresce 46% no Brasil

Impulsionados pelo caso George Floyd, uma pesquisa realizada pela Zygon AdTech mostrou que a onda de manifestações em apoio Black Lives Matter fez crescer em 46% a participação no movimento antirracista no Brasil.

Realizado com a metodologia Big Data, o estudo conferiu 9,7 milhões de menções únicas as hastags #BlackLivesMatter e #VidasNegrasImportam, no Twitter. De acordo com a pesquisa Zygon AdTech, as publicações coletadas a 68 mil por hora em 3 de junho.

“A discussão antirracista mudou de patamar no Brasil, e este estudo ajuda a quantificar isso. Achamos que é importante pra sociedade que esse assunto tenha maior repercussão, e ficamos orgulhosos em contribuir para esse debate com um estudo feito por uma equipe majoritariamente formada por pessoas negras e que atuam em funções-chave, como data engineer, data analyst e coordenador de pesquisa”, diz Lucas Reis, CEO da Zygon AdTech, que é uma startup de tecnologia, especializada em Big Data, mídia programática e Analytics, fundada na Bahia em 2016.

A análise ressalta que apesar da repercussão do caso no Brasil abrir margem para discutir a questão racial no país, apenas 7,7% do total de publicações sobre o assunto citam diretamente George Floyd. Entre os assuntos mais populares estão a violência (28,9%), racismo (22,6) e manifestações nas ruas (15,4). 

 

 

Fonte: IPEA

Imagem Destaque: Protestos contra a morte de George Floyd no Brooklyn (Angela Weiss/AFP)


Julia Bispo

Por Julia Bispo

Jornalista, possui experiência em produção de conteúdos voltado à comunicação social. Já atuou com assessoria de imprensa e comunicação interna, nas áreas de Saúde, Beleza, Bem-Estar, Varejo e Negócios.

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