A pandemia trouxe dificuldades para todos, principalmente quando o assunto é estabilidade financeira. Pessoas perderam seus empregos, diversos estabelecimentos fecharam as portas e todos acabaram afetados como em um efeito dominó. No entanto, para sobreviver neste delicado momento, alguns jovens reinventaram seus trabalhos ou ainda, descobriram novas habilidades, e transformaram ideias em oportunidades de trabalho.
Antes de falarmos sobre as possibilidades encontradas por esses jovens, é importante que alguns dados sejam apresentados sobre o assunto. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego dos jovens, entre 18 a 24 anos, atingiu 27,1% no primeiro trimestre de 2020, número mais alto quando comparado aos anos anteriores. Se pegarmos a taxa geral de desemprego no Brasil, o índice é ainda mais alarmante, 32%. O motivo? A falta de experiência, um dos grandes problemas que afeta diversos jovens e dificulta o ingresso no mercado de trabalho. Dessa forma, uma das saídas encontrada por eles é a informalidade, o que ganhou ainda mais forças durante a quarentena.
Alguns jovens começaram a vender algum tipo de comida, alguns viraram freelancer de conteúdo, design, fotografia... outros começaram a vender sapatos ou abriram loja online de roupas e por aí vai. Basta abrir o Instagram ou o Facebook para perceber que a quantidade de posts oferecendo algum tipo de serviço aumentou.
O estudante de Engenharia Mecânica, Felipe Sousa, 23 anos, conta que começou a vender sapatos durante a pandemia. “Decidi comprar e revender sapatos porque já era algo que queria fazer há algum tempo. Com o crescimento das vendas na internet, achei que esse era o momento para começar”, diz. Em relação ao ingresso na área de engenharia, ele conta que a exigência de experiências implica na dificuldade de contratação. “O estágio, por exemplo, requer o inglês, além de diversos outros cursos de especialização”, explica. Requisitos como esses também são barreiras para os jovens que querem ingressar no mercado de trabalho em suas áreas de graduação, visto que nem todos possuem condições financeiras de arcar com essas despesas.
Além de Felipe, muitos outros estão nessa situação. A ONU (Organização das Nações Unidas), por exemplo, compartilhou a história de alguns jovens que adaptaram seus negócios para sobreviver à pandemia, como a jovem Karina Brito, 22 anos, que iria começar a oferecer serviços de agroecoturismo, mas teve que adaptar a ideia e passou a oferecer comida no ambiente online. Para conhecer as outras histórias, CLIQUE AQUI.
Apesar desses jovens terem encontrado uma forma de adquirir renda, a informalidade deles poderá ser um problema no futuro, assim como os que estão desempregados. A falta de experiência dificulta o acesso ao mercado de trabalho, o que prejudica a produtividade e a economia do Brasil, por outro lado isso pode gerar altas ofertas de emprego e pouca qualificação para ocupar essas vagas. Dessa forma, não basta os jovens terem criatividade para empreender, é necessário que haja boas condições e oportunidades, tanto na formação educacional como de empregabilidade, para que eles possam ingressar no mercado formal mais preparados.
Por Ana Sara Souza
Jornalista pela Universidade São Judas Tadeu e mestranda em Educação: História, Política, Sociedade pela PUC-SP.