O que é economia criativa e quais indústrias ela abriga?

Por Renata Bottiglia
14.07.2020

 

 

Conciliar economia com imaginação pode não parecer uma realidade tangível, mas é exatamente isso o que a Economia Criativa busca estabelecer. Termo criado para designar uma série de segmentos que unem capital intelectual e desenvolvimento econômico, quase sempre com o auxílio da tecnologia, esse setor da economia prova que inovação e rentabilidade podem, sim, caminhar juntas.

Com drásticas mudanças nos nossos padrões empregatícios nos últimos 50 anos - e, mais rapidamente ainda, nos últimos 20 -, hoje os ambientes de trabalho mais comuns são muito diferentes da linha de montagem, forma de produção em série onde vários operários, auxiliados por máquinas, exercem funções repetitivas em trabalho sequencial, objetivando especialmente um produto acabado ou semi-acabado destinado ao consumo. Tão presente no pós-guerra entre 1945 1968, a linha de produção também é conhecida com fordismo uma vez que foi originalmente idealizada por Henry Ford.

Sabendo que esse padrão de trabalho não é dos mais almejados, tampouco o que mais emprega na atualidade, cabe, aqui, especificar qual tipo de profissão cumpre esse papel na atualidade: o profissional do conhecimento. Esse termo diz respeito a indivíduos que possuem domínio sobre uma área em especial. Sua principal moeda de troca é o raciocínio, seja identificando problemas quanto pensando em soluções. A habilidade com comunicação e clareza na pontuação de informações, portanto, torna-se um dos pré-requisitos mais esperados por empregadores, bem diferente das habilidades manuais tão requisitadas décadas atrás.

A tecnologia da informação é mais uma aliada quando se fala em profissionais do conhecimento. Não apenas isso: também modificaram profundamente o ofício. Entre as tecnologias que causaram muito impacto no cotidiano do ambiente de trabalho, estão os seguintes: reconhecimento de voz e a tradução, com softwares de tradução Google que já permitem, por exemplo, que duas pessoas conversem em tempo real, em idiomas diferentes, e obtenham compreensão mútua; inteligência artificial e a robótica, área cujas previsões são de que muito em breve permitirão tomadas de decisões sem interferência humana; “internet das Coisas”, termo que designa uma rede de dispositivos, que se comunicam e colaboram entre si; Big Data, que está em grande parte das empresas atualmente, recolhendo, classificando e analisado massivas quantidades de dados objetivando o surgimento de novas ideias a partir deles; e tecnologias de colaboração, que possibilitam o trabalho de uma equipe em locais diferentes.

Além das novas tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho, novas formas de trabalhar também devem ser apontadas. O trabalho não é mais necessariamente uma atividade realizada dentro de um escritório em termo integral, e sim passou a acontecer, muitas vezes, de maneira remota e flexível. Isso porque o modelo de linha de produção não se encaixa em diferentes tipos de especialidades, de trabalhos que objetivam fins diversos. O ambiente de trabalho, para os novos trabalhadores, diz respeito a uma infinidade possibilidades e pode, inclusive, corresponder à própria casa do profissional. A partir disso, é consequência que a criatividade esteja inclusa nesse pacote.

Produção e distribuição de produtos e serviços aliadas com criação e transformação são a receita da economia criativa, que abrange as seguintes indústrias ou atividades: artesanato, festivais, museus, bibliotecas, pinturas, esculturas, fotografias, música, teatro, dança, circo, livros, cinema, televisão, rádio, design gráfico, design de moda, desenvolvimento de softwares, desenvolvimento de jogos, arquitetura, propaganda, cultura, recreação etc. Além da tecnologia já citada, inovação, sustentabilidade e bagagem cultural são os pilares das atividades que geram renda de maneira fértil para profissionais nesses setores.

É importante ressaltar, no entanto, que o trabalho nessas especialidades não necessariamente fará parte da economia criativa. É bastante possível, por exemplo, que alguns desses trabalhadores se encaixem em indústrias tradicionais, que necessitam de muita matéria-prima, mão de obra e fonte de energia, mas pouca tecnologia, como a têxtil ou a automobilística, previamente mencionada. Tal inserção não exclui a possibilidade de que a imaginação seja levada para esse tipo de produção por parte daqueles que se ocupam da tarefa, caso esta seja aceita em seu ambiente de trabalho.

O que difere a indústria criativa da tradicional é que, na primeira, as ideias frutíferas são o principal ingrediente para o desenvolvimento das atividades exercidas. E essa forma de geração de renda vem crescendo em todo o mundo: no Brasil, é na região sudeste onde mais há oportunidades, mas outras regiões já mostram expansão nesses setores, especialmente neste momento em que o desenvolvimento do país é cada vez mais urgente e a transformação digital, um dos pilares da economia inovadora, mostra-se essencial para a manutenção da economia.

 

Fonte:  Politize 

Crédito de imagem: canal Revisão


Renata Bottiglia

Por Renata Bottiglia

Formada em Letras - Português/Francês, pela Universidade Federal de São Paulo. Tem experiência profissional com revisão e redação de texto. Atualmente presta serviços de revisão de conteúdo para mídias digitais.

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