Contemplado no ano de 2018 pelo edital Proac, o projeto Percursos e Memórias, uma iniciativa do grupo História da Disputa, ocorreu em parceira com o Memorial da Resistência de São Paulo.
O coletivo formado por historiadores dedicados à pesquisa, produção e difusão de conteúdo historiográfico orientado a partir da História dos vencidos, isto é, a partir de documentos, testemunhos, memórias e dinâmicas produzidas por atores sociais, geralmente ignorados pela história tradicional. Para isso, a metodologia inclui a ocupação dos espaços públicos com a finalidade de propor um debate com as pessoas participantes que abarcasse seus conhecimentos e experiências afetivas, buscando, através dessa partilha, interferir ativamente nos usos e construções desses espaços e disputar a narrativa hegemônica que os define.
Tomando como referência depoimentos contidos no Programa de Coleta de Testemunhos do museu paulistano e no livro “Memórias Resistentes, Memórias Residentes”, fruto da parceria entre a Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e o Memorial, o projeto teve como objetivo debater lugares de Memória das ditaduras civis-militares na capital paulista.
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Por meio de debates itinerantes, cortejos e intervenções musico-teatrais que mobilizaram grupos como a Fanfarra Clandestina e o Coletivo Contrapelo, o projeto tornou visível lugares relacionados a repressão do Estado, a resistência política, a questão social e suas respectivas memórias.
Os encontros tiveram como temas:
Territórios de repressão e resistência.
Resistir na cidade: tática e práticas
A organização do opressor
Reação do oprimido
São Paulo do futuro: ontem e hoje.
A questão social é caso de polícia
Fluxos: a rua em movimento
Memória e repressão
Cortejo pela memória
Cidade de barreiras
O percurso destes encontros podem ser consultados por meio do mapa interativo disponibilizado pelo projeto AQUI.
Buscando uma prática horizontal, que possibilitasse que os participantes fossem agentes ativos na construção das próprias atividades, foi realizado, paralelamente aos debates-itinerantes, encontros de discussão teórico sobre conceitos e temas que se destacaram na pesquisa, tendo como temas:
Quem conta a história da ditadura?
O Estado brasileiro e seus inimigos internos.
Lutar na cidade.
Ética na ditadura.
Utopia e resistência.
Cidade de barreiras.
O projeto desenvolveu também audioguias acerca de lugares de memórias como o DOI-Codi, centro de repressão estatal, a Praça da Sé, local de manifestações pró e contra a ditadura militar e as periferias da cidade, por vezes relegada a segundo plano nas construções históricas. O material, que oferece grande possibilidade de uso por professores, artistas e agentes culturais, pode ser acessado AQUI.
Por Pietro Mariano
Formado em Filosofia e estudante de Letras, desenvolve atividades de pesquisa sobre Direitos Humanos no Brasil junto à Unifesp