Falar de uma cultura mista, complexa e singular, tudo ao mesmo tempo, é muito complicado. Temas virão aos montes, mas para começar, falaremos um pouco de literatura. Hoje vamos explorar um tema típico da região nordeste: A Literatura de Cordel.
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Uma espécie de poesia popular, impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilografia, que contagiou e influenciou vários escritores populares como João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
Esse tipo de literatura é frequentemente escrita em formas de rima, originalmente narrados oralmente e depois colocados em folhetos. O que muitos não sabem é que a literatura de cordel é de origem portuguesa, em que os folhetos eram expostos e pendurados em cordas (cordões), originando o nome.
Os assuntos que compõem os cordéis são principalmente situações do cotidiano nordestino, episódios históricos, lendas, folclore, religiosidade, aliás, qualquer assunto pode se tornar uma história de cordel.
Fundada em 1988, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel cuida para proteger e proliferar esta cultura que é tão importante para o nosso Brasil, já que retrata o universo popular.
O que mais chama a atenção é a forma como é ilustrada, as chamadas xilografias, fazem com que este estilo de escrita tenha uma característica própria e dê ainda mais beleza à história. Além de expressar os sentidos dos autores populares e desconhecidos, mantendo a identidade local e perpetuando o folclore brasileiro.
Para comprar essas histórias basta procurar em feiras culturais , casas de cultura, livrarias e nas apresentações de cordelistas.
Quem tiver a oportunidade de conhecer esta literatura aproveite, pois trata-se de uma das mais belas formas da cultura popular brasileira. Para começar segue alguns versos de cordel:
Ai! Se sêsse!...
Autor: Zé da Luz
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
por JULIANA ALEXANDRINO